Monday, February 26, 2018

Mentes Doentias: Mortes em Elizabethton

  Tudo começou em uma cidade americana chamada Elizabethton, no Tennessee, onde eu, Thomas, moro junto com minha esposa Elizabeth e filha Alice. A rotina de minha família estava prestes a mudar para sempre devido a série de assassinatos que começaram a ocorrer com as pessoas próximas de mim.

_ Você sabe quem poderia ter feito isso com Michael? _ Perguntou o policial.

_ Não sei. Talvez ele tenha reagido a um assalto. _ Respondi.

_ Nenhum pertence da vítima foi levado. A hipótese é que o crime tenha sido premeditado. _ Disse o policial olhando em meus olhos tentado arrancar alguma pista de mim.

_ Michael sempre foi um bom vizinho, não sei por que alguém poderia querer a sua morte. _ Respondi ironicamente ao policial.

_ Sua esposa disse que ele foi a sua casa horas antes de notarem seu desaparecimento. O comportamento de Michael segundo a esposa dele havia mudado nos últimos dois dias. _ Disse o policial de braços cruzados me olhando atentamente, talvez tentando usar a linguagem corporal contra mim, ou apenas tentando me intimidar.

_ Já disse que eu não sei o que pode ter acontecido. _ Respondi a ele antes de sair da cena do crime e voltar para casa.

  O corpo de Michael foi encontrado em um terreno no fim de nossa rua, estava completamente mutilado e eu era o único suspeito desse crime. 

  _ Será que eles irão descobrir o que eu fiz? _ Me perguntava diversas vezes em meus pensamentos, preocupado com a investigação.

Não demorou muito para que a segunda vítima aparecesse, seu nome era Will, ele era meu chefe e havia acabado de me demitir, isso aumentou ainda mais as suspeitas da polícia para um suposto serial killer que estava fazendo suas vítimas na cidade, porém para o detetive Paul eu era o assassino.

_ Olá Thomas. Meu nome é Paul e eu sou o novo detetive deste caso. Tenho muitas perguntas e você terá que responder cada uma delas. _ Disse o detetive se apresentando em frente a porta de minha casa.

_ Será um prazer em ajudá-lo na investigação. Eu quero tanto quanto você que esse assassino pague por seus crimes. _ Respondi com toda tranquilidade do mundo.

_ Papai, quem é esse homem? _ Perguntou Alice ao ver-nos na sala.

_ Este é o detetive Paul, ele quer saber quem matou nosso vizinho e meu chefe. _ Respondi apresentando ela ao detetive.

_ Eu tenho medo de quem pode ser que esteja fazendo isso, meu pai até voltou a me buscar na escola. _ Disse Alice ao detetive.

_ Como assim seu pai voltou a te buscar na escola? _ Perguntou o detetive curioso em busca de possíveis pistas que pudessem me incriminar.

_ Eu já sou grandinha, tenho dez anos e já vou para a escola de ônibus, assim meu pai parou de se atrasar para o trabalho e seu chefe tinha parado de brigar tanto com ele. _ Respondeu ela tentando mostrar alguma maturidade acima de sua idade.

_ Minha querida pare de atrapalhar o trabalho do detetive e vá para seu quarto brincar, a conversa aqui é entre adultos. _ Disse a Alice retirando-a da sala.

_ Então de fato você e seu patrão discutiam com frequência. Me conte mais sobre isso? _ Disse o detetive sorrindo imaginando estar no caminho certo da investigação.

_ Meu chefe sempre foi um explorador, nunca tive uma boa relação com ele, mas nem por isso eu iria matá-lo. Você acha mesmo que eu o esperei no estacionamento da empresa para emboscá-lo? _ Perguntei ao detetive.

_ Quem disse que ele foi emboscado no estacionamento? _ Perguntou o detetive vendo meu rosto mudar.

_ Eu voltei a empresa para buscar minhas coisas quando me disseram que Will havia desaparecido e que foi visto pela última vez indo em direção ao seu carro no estacionamento. _ Respondi extremamente preocupado com o rumo de nossa conversa.

_ Will foi encontrado morto pela esposa, o corpo havia sido esquartejado e colocado dentro de uma mala que estava em frente a porta da frente da casa dele. _ Disse o detetive esperando que eu dissesse algo a mais sobre isso.

_ Eu não sei nada sobre isso, ele me demitiu injustamente dizendo que eu era um incompetente e estava dando prejuízo a empresa, depois voltei lá no dia seguinte e recolhi todas as minhas coisas, apenas isso que sei. _ Respondi.

_ Esse dia que por coincidência foi o dia da morte de Will e para piorar sua situação seu carro foi visto saindo da rua de Will no mesmo dia que a mala foi encontrada. _ Disse o detetive com um olhar que parecia penetrar minha alma.

_ Minha filha estava na casa de um amigo naquela rua, eu apenas fui buscá-la. _ Respondi tentando manter a calma.

_ Saiba que se você for o assassino eu irei descobrir e você sabe qual a punição para psicopatas como você, pena de morte. _ Disse o detetive antes de se retirar de casa.

Eu precisava dar um jeito nesse detetive para que ele parasse de suspeitar de mim e não acabasse descobrindo meu crime, foi quando tudo aconteceu e eu fui preso em flagrante com a faca usada para matar Paul em minhas mãos, dentro de casa.

_ Conte-nos como matou o detetive Paul e suas outras vítimas? _ Perguntou o juiz em meu julgamento.

_ Eu não matei ninguém, quantas vezes vou ter que dizer. _ Respondi furioso tentando arrancar minhas algemas.

_ O sangue presente na faca era de Paul e a única digital encontrada foi a sua. _ Disse o juiz sem acreditar em minha versão da história.

Neste momento Alice levanta em meio ao tribunal e diz tudo o que eu a obriguei de esconder todo esse tempo.

_ Eu sei porque ele matou todas essas pessoas. ELE É UM ESTUPRADOR E PEDÓFILO!!! Ele me abusou por anos enquanto a minha mãe trabalhava e ele ficava para me levar para a escola, por isso os atrasos no trabalho. _ Disse Alice chorando e soluçando.

_ Mas isso é uma acusação gravíssima menina, você tem provas disso? _ Perguntou o juiz sem acreditar no que estava acontecendo diante de seus olhos. 

Alice mostrou seus braços machucados que eram amarrados a cama para que ela não tentasse fugir durante os abusos.

_ Ele é um monstro! Ele matou nosso vizinho por saber dos abusos, ele iria me levar a delegacia quando esse porco imundo apareceu e o esfaqueou. _ Disse ela cuspindo em seu próprio pai na frente de todos.

_ Então você será condenado por uma série de assassinatos, além de abusar sexualmente de sua própria filha.  Eu o sentencio a pena de morte na cadeira elétrica. _ Disse o juiz antes de bater o martelo me condenando para sempre.

_ Eu não matei ninguém, alguém armou para mim. Me escutem, EU SOU INOCENTE!!! _ Eu gritava e me debatia tentando desesperadamente provar minha inocência.

Eis que chega o dia de minha execução e me perguntam:

_ Quais são suas últimas palavras?

Penso por um instante, quando vejo as lágrimas de decepção e desprezo de Elizabeth ao lado de Alice, que estava com um sorriso que nunca havia visto antes, um sorriso sádico que mostrava como tudo aquilo estava sendo prazeroso para ela.

_ Eu criei um monstro!!! Foram minhas últimas palavras antes que aquela corrente elétrica percorresse todo o meu corpo me fazendo agonizar até a morte.

Apenas naquele momento consegui encaixar todas as peças deste maldito quebra cabeça, Alice era a verdadeira assassina. Michael viu pela fresta da janela um dos abusos e Alice deve ter visto eu o ameaçando de morte se ele contasse para alguém.

Alice disse que iria a delegacia com ele quando na verdade estava o levando para sua armadilha. Já o Will eu havia contado a ela de nossas discussões no trabalho e ela conhecia onde ele morava devido a um jantar na casa dele que eu a levei.

Ela o atraiu dizendo que queria falar sobre ele repensar em me demitir, o levou para dar uma volta no quarteirão e quando ele menos esperava tirou a mesma faca do primeiro assassinato de sua bolsa e o esfaqueou.

Sua última vítima foi o detetive, que ela o convenceu que ajudaria a me pegar no flagra e assim que eu cheguei em casa do bar ela o esfaqueou em meu quarto e esperou que eu subisse as escadas para chamar a polícia, péssimo hábito de beber que eu desenvolvi.

Agora faz todo o sentido o dia que Alice veio me pedir para parar de levá-la a escola, pois de ônibus ela poderia ir até meu antigo trabalho e matar Will. Jamais desconfiei daquele doce e inocente sorriso de Alice, o mesmo que me tentava todos os dias em abusá-la. Enfim descobri o monstro que eu mesmo criei.

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